5 de maio de 2010

A memória e a calma

O que sobrava a ele, faltava a ela: calma para sair das situações embaraçosas. Mas ele não tinha o que era uma virtude dela, embora um tormento: uma memória irretocável.

Esquecia-se, ele, de tudo. Tinha medo da memória dela e de como ela trabalhava com os dados que ele oferecia.

Não era diferente com ela. Não se anda leve quando se carrega o fardo de lembrar-se de tudo.

Essa briga entre calma e memória deu resultado ruim: ela não se esquecia do amor e ele o esperava em outro tempo, não dava urgência.

Foi quando descobriram, juntos, que só há um remédio para essa disputa: parar o relógio. Daí para frente, bastou descobrir como fazer isso; e, ao descobrirem, bastou.