24 de novembro de 2010

Entrega

Na mesa redonda, cartas de baralho e álcool. Além disso, só um cinzeiro. Pensamentos formulavam estratégias, enquanto ela se despia. Naquela noite, estendeu os braços e deixou os olhos se encherem de água. Com a voz trêmula, reviveu comovida, palavra por palavra, o que havia ficado para trás.

Tirava a roupa para alguém, quer prova maior?

20 de novembro de 2010

Dálias

No Café de ótima decoração, havia uma Dália Fada do Outono desenhada na parede. Sobre o balcão, uma dália real: a Moonfire. Perolada e alta, só não chamava mais atenção do que a tela pintada pela proprietária do local, Ruth. Na imagem, mãos de um corpo humano-animal seguravam o Livro da Vaca do Céu, mas sem tocá-lo.

Quando Mafalda entrou, viu a pintura. Parecia-lhe Salvador Dali. Pensou em comentar algo, mas limitou-se a fazer o pedido. Lembrou-se que estava ali pelo aroma que se espalhava pelo quarteirão.

Ruth sentou-se à sua frente. Diante do olhar admirado da cliente, fez um comentário: "O dono dessas mãos teria dismorfobia, não?". E ficaram à vontade, afinal, a comédia rende boas impressões. "Acho que sim!", respondeu Mafalda, abrindo um riso quântico.

16 de novembro de 2010

Ela, ele e Saint Exupéry

Não por acaso, lembrou-se de O Pequeno Príncipe. Estava diante de seu arco-íris imaginário e isso não era pouco. Para explicá-la o quanto era significativo, disse que a amava mais do que tudo. Para ela, foi tão emocionante quanto ganhar o primeiro beijo — ou como vê-lo novamente pela primeira vez. Tanto tempo! Dias, meses, anos, rugas.

Este planeta parece não ter sentido, a não ser quando se vê com o coração.

3 de novembro de 2010

Todos iguais

Somos todos iguais, embora cada um tenha sua particularidade: sonhadores, famintos, incrédulos. 

Debaixo da terra ou perto do céu: make each impression a little bit stronger and it will be easy to notice.