27 de abril de 2010

Sobre amor e dor

Do calor, da saliva de cana, do barco à deriva enquanto, no fim da tarde, trabalhadores comemoram o morrer do sol. Da mulata de saia curta que atormenta o juízo masculino.  

Da cachaça de interior, que acompanha mandioca e sal a gosto. Do carrinho de sorvete que o moço empurra de chinelo surrado. Da igreja cheia de fiéis. Do momento em que um portão de fábrica se abre e todo mundo se liberta e cai no mundo e nos refúgios. Da fila de banco ou emprego. Da exposição de rostos tristes. Da luta por pão.

Porque a vida é simples, frágil, breve e única.