23 de outubro de 2012

Código

Deitavam-se com os olhos um no outro, era um código. E quando se desentendiam, e não se olhavam, era porque algo estava errado.

Há um código mágico no amor e duas grandes histórias comprovam isso. Foi assim com Tristão e Isolda, quando tentavam provar que eram mais fortes que a vida, e foi assim com Tomaz e Tereza, na Tchecoslováquia de Milan Kundera, do momento em que se conheceram ao acidente com o caminhão. 

Na cova de Tristão foi plantada uma videira e na de Isolda, uma rosa: as duas plantas se entrelaçaram e cresceram juntas, se transformando num símbolo do amor que sentiam. Código transformado em mito. Em "A Insustentável Leveza do Ser", Kundera faz uma análise sobre os mistérios do amor, um fardo que traz angústia e sentido à vida. Tomaz não quer deprimir Tereza, e ela, ao imaginar a vida sem ele, se vê diante de uma terrível constatação: não seria capaz de viver longe deste que, mesmo ilógico, é o mais real dos amores. Código transformado em dependência.

O código está presente a todo tempo e não reconhece lugar ou causa.