6 de novembro de 2009

Romântico não é

Este não é um mundo romântico. Ou melhor: deixou de ser. Não há mais cartas ou espera, as coisas chegam rápido e todo mundo consegue saber tudo, ou quase tudo, sobre todo mundo. 

Quase não há segredos. Os escândalos são pré-fabricados. A multidão segue o fluxo; e você e eu estamos no mesmo barco: a gente corre o tempo todo e não dá conta! Cada um com o seu perigo, o tempo já não cabe no relógio, e o relógio já não cabe no dia. 

Está tudo na internet, desvendado para consulta. Juliette Binoche está na rede de todo e qualquer jeito. Se não tenho acesso, alguém digitaliza. A um segundo, pelos meus dedos, vejo coisas incríveis. Assim, dessa forma, só preciso da memória para lembrar do que não posso ter.

Mas que coisa: temos tudo, mas não temos nada. Conversamos com o mundo inteiro e não vemos ninguém. Somos íntimos sem sequer ter apertado a mão. Temos centenas de amigos virtuais, mas ninguém a fim de correr na chuva ou fazer algo diferente. Um mundo inteiro à vista, e a gente preso em três metros por quatro, sufocado pelo concreto. 

Não digo que isso é bom ou ruim, não é esse o propósito. Mas romântico não é.